O perigo ronda os cabelos
Clotilde Tavares | 18 de novembro de 2009Peço ao meu caro leitor que faça comigo uma experiência. Pegue qualquer jornal – O Globo ou o Correio Brasiliense, a Folha de São Paulo ou A Tarde, o Correio da Paraíba, O Norte, Diário de Pernambuco, Diário de Natal… Pode ser do Sul ou do Norte, de metrópole ou cidade pequena. Abra na coluna social. Observe as fotos das mulheres.
São quase todas iguais. São quase todas louras, ou com cabelos claros, muito com mechas, cabelos lisos, pontas desfiadas, um pouco abaixo dos ombros e todas ostentam sorrisos certinhos, de dentes regulares e claríssimos. Aqui acolá você vê uma morena, mas a grande maioria é como esse tipo que descrevi. Não há mais cabelos curtos, não há mais cabelos encaracolados, não há mais cabelos pretos ou castanhos. E dentucinhas, nem se fala. Foi uma raça que desapareceu da face da terra.
No afã de ter os cabelos lisos, elas vez por outra se intoxicam e morrem como o formol que faz parte da fórmula usada na “escova progressiva”, técnica utilizada para tal fim. Segundo a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não existem produtos autorizados para esse fim e o formol, um dos componentes utilizados pelos fabricantes, é altamente tóxico. “A quantidade máxima permitida em cosméticos, como xampus e condicionadores, é de 0,2%”, diz Josineire Melo Costa Sallum, gerente-geral de cosméticos da Anvisa.
É aqui que a coisa se complica. Nessa dosagem, o formol não alisa. Para fazerem efeito, os produtos teriam que conter – e contêm, embora seja proibido – muito mais formol do que o permitido. Em geral, os cabeleireiros admitem usar misturas com 2 a 4% da substância, mas sabe-se que adicionam mais formol à fórmula, de maneira irresponsável e criminosa.
Desde 1975 que são documentados casos de intoxicação por formol. Em 2004, com o auge da escova progressiva, houve várias ocorrências de reações alérgicas. O primeiro caso de morte teria acontecido em março de 2007, com a morte da dona-de-casa Maria Eni da Silva, 33 anos, no município goiano de Porangatu. A suspeita das autoridades da área de Saúde é de que ela tenha se submetido a uma escova progressiva com 20% de formol.
Conheço meninas que não passam sem essa tal escova. Conheço também cabeleireiros semi-analfabetos, que alteram sem o menor escrúpulo qualquer fórmula que se coloque nas mãos deles. O perigo está aí. Muita gente que eu conheço não sabe disso. Fica aqui o alerta.
Veja aqui uma opinião masculina.
Também quando olho colunas sociais ou orkut observo a mesma coisa, os cabelos sempre no mesmo modelo, as mesmas poses e os mesmos sorrisos.
Um mesmo molde pra tantos, talvez falte mais personalidade, o medo de ser diferente, ou o aceitar um modelo como sendo o melhor…
Clotilde,
quer dizer que a escova vai matando progressivamente…
Um abraço, Lisbeth
Taí, cara Clotilde,
como boa representante dos cabelos encaracolados, concordo com você. Só falto morrer quando alguém olha para meus cabelos e diz: “Se eu tivesse uma cabeleira dessa, eu já tinha feito uma escova”. De que adianta tanto cabelo lisinho, lisinho, se muitas estão virando escravas dessa escova?! Além da escravidão, há outro sinal grave mostrado em seu texto: uma raça toda está sumindo!
uma pena!
Abraço grande
Oi Clotilde,
Também já havia reparado na fila de clones que vejo nas colunas sociais, não é só aí no nordeste não… todas lisinhas, loirinhas e com o mesmo sorriso colgate, para mim isso é uma tremenda falta de personalidade.
E foi bom você ter explicado os perigos da intoxicação por formol, muitas meninas nem imaginam os riscos que correm.
Grande abraço!